segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Sentei-me a beira do ser
e o vi
jogado no abismo.

Saltei para verter
sobre o ar
o vinho e todo ceticismo.

Rezei para ter
para ti
um desbotado sorriso.

Despenquei da beirada para ver
despejado sobre meu lar
toda dança do teu lirismo.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um traje para a solidão

Pendurado sobre o prego,
meu último paletó
a meu corpo, não nego.

Ajusto, visto, laceio a dó.
Caso botão por botão
até o peito quedar só,
ao nó da madeira que é cego
e me costura ao chão.

Do pão,
ao pó.
Do pó,
ao pão.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Em resposta aos comentários do blog do Programa Profissão Repórter

Venho por esta agradecer as mensagens que recebi, manifestando apoio e me encorajando a não desistir de reencontrar minha filha Dora.

Cabem aqui alguns esclarecimentos sobre a atitude de tornar pública essa situação. Pautei-me por revelar parte do conteúdo que, legalmente é público, e está contido no processo criminal referente às duas subtrações de incapaz, cometidas pela genitora de Dora, Adriana.

A disputa de guarda é desgastante para a família do genitor e genitora e as maiores prejudicadas são as crianças envolvidas nessa disputa. O único instrumento regulador para os conflitos de família, quando não há resoluções pacíficas e amistosas no ambiente familiar, é o poder judiciário. O corpo de atores que compõe esse sistema é formado nas nossas instituições de ensino de direito e executa suas funções, circunscrito por um regime democrático de governo, sob gestão pública.

Sabemos o quão falhos são os sistemas públicos do Brasil. Embora falhos, são constituídos por parte de nossos cidadãos, estamos submetidos a eles e ao mesmo tempo, eles são o reflexo do que somos, sejam nas suas precariedades, sejam nas suas virtudes. O sistema judiciário brasileiro é também resultado histórico da civilização que constituímos e estamos a desenvolver, ainda que precariamente.

Como cidadão, tenho o direito de manifestar-me publicamente para que sejam cumpridas as leis, mesmo que em face a precariedade dos sistemas que as regem. Tenho o direito de manifestar-me e despertar a atenção de todos quando vejo que existe alguma negligência. Há uma criança que está sendo privada do convívio com o genitor, deliberadamente. Há justiça com as próprias mãos sendo feita, de maneira autoritária, criminosa e ilegal.

Portanto, resolvi tornar público o desaparecimento de minha filha Dora, através de uma reportagem jornalística, com o único objetivo de restaurar o convívio dela com o pai, para que se cumpra o que é de direito da criança, garantido pela constituição brasileira. Essa atitude além de particular é também cível.

Os veículos de comunicação são também instrumentos pelos quais podemos nos manifestar para solicitar atenção dos orgãos públicos para que se cumpram os interesses comuns.

Se houvesse algum intuito de promover-me não teria recorrido a um veículo de comunicação que procura pautar legalmente suas atitudes para praticar imparcialidade na divulgação da notícia. Há vários outros veículos de comunicação que praticam suas pautas com enfoque sensacionalista aos quais nunca recorri ou vou recorrer.

Àqueles que descordam, das atitudes tomadas por este que escreve esse manifesto, caberia o julgamento das referidas atitudes e dessas linhas escritas, pelo mesmo sistema judiciário o qual se refutam a recorrer, quando é mais cômodo fugir.

Há os que recorrem e os que correm.

O ATOR deste texto é partidário da ética.
O AUTOR deste texto é partidário dos atos lícitos.
O ATOR deste texto não tem nome falso.
O AUTOR deste texto não tem paradeiro.

Jonas Melo Golfeto

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Extertor (Respiro Último)

No meu curso de ator
há de haver sempre o vinho
e o amor,
Pois onde eles habitam
dispensam o pão sobre a cama.

Sobre o tablado os imitam:
Não há madeira de lei,
há lei da lama.

Em vosso lar, amor, uma última ceia,
Sem pão e vinho
Apenas um falso adeus,
Beijozinho,
na orelha.