PONTO CEGO - CRIAÇÃO POÉTICA
Atravessei a rua e esqueci minha sombra na calçada. Trouxe da última esquina a recordação de uma casa assolada pelo temporal de um ribeirão negro. Aqui ao nordeste do estado o sol deita com as labaredas asteadas, braços que te apertam contra o asfalto. Deitada nas pedras disformes a sombra esticou seu corpo para receber o fogo desses braços que agora fervem aquela ausência de luz, luz fria, sem ente, sem dente, perfurada de um breu sujeito que não se fotografa, não se revela , cromo exposto, um diapositivo, um slide, um flash assoprado contra a parede, abstrato e disforme. Criei-me a partir daquela penumbra, hoje escondida na esquina da rua 2. Às 18 esmaeço em noite. Faço-me então a abóboda que até agorinha era celeste, agora verniz escuro, fosco. Embebido deste mosto, madrugada, sombra e vento. Levanto sobre o poste uma alma alada que trafega tropejando sobre os forros e telhados da maré de edifícios. Oceano gentil de formigas assassinas que divergem sempre do mesmo ponto, alvorado mais um dia de labuta. Nessa hora foz, a luz do rio encontra seu mar turvolento de vitrais, vidraças e encanamentos. Soterrado, espeto meu dedo, cavo um buraco. Sobrevivo, p0nt0 ceg0 , respiro pelo furo de um zero e faço de minha ausência a fortaleza de um novo sonho moribundo, outra sombra esquecida na esquina de um ribeirão cada dia mais preto.
Ponto Cego - Definição Acadêmica
A definição física-oftálmica, considera o ponto cego "um fenômeno da visão humana segundo o qual, conforme convergência e refração, pode-se ver o que habitualmente permanece oculto: a possibilidade além da superfície, o concreto afirmado na miragem"
Ponto Cego - Definição Enciclopédica
Ponto cego é a parte do olho humano onde o nervo ótico se localiza. Nele, não há células sensíveis (bastonetes) e, portanto, qualquer imagem que se forme neste ponto não será visível. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina. Fonte: Wikipédia
Atravessei a rua e esqueci minha sombra na calçada. Trouxe da última esquina a recordação de uma casa assolada pelo temporal de um ribeirão negro. Aqui ao nordeste do estado o sol deita com as labaredas asteadas, braços que te apertam contra o asfalto. Deitada nas pedras disformes a sombra esticou seu corpo para receber o fogo desses braços que agora fervem aquela ausência de luz, luz fria, sem ente, sem dente, perfurada de um breu sujeito que não se fotografa, não se revela , cromo exposto, um diapositivo, um slide, um flash assoprado contra a parede, abstrato e disforme. Criei-me a partir daquela penumbra, hoje escondida na esquina da rua 2. Às 18 esmaeço em noite. Faço-me então a abóboda que até agorinha era celeste, agora verniz escuro, fosco. Embebido deste mosto, madrugada, sombra e vento. Levanto sobre o poste uma alma alada que trafega tropejando sobre os forros e telhados da maré de edifícios. Oceano gentil de formigas assassinas que divergem sempre do mesmo ponto, alvorado mais um dia de labuta. Nessa hora foz, a luz do rio encontra seu mar turvolento de vitrais, vidraças e encanamentos. Soterrado, espeto meu dedo, cavo um buraco. Sobrevivo, p0nt0 ceg0 , respiro pelo furo de um zero e faço de minha ausência a fortaleza de um novo sonho moribundo, outra sombra esquecida na esquina de um ribeirão cada dia mais preto.
Ponto Cego - Definição Acadêmica
A definição física-oftálmica, considera o ponto cego "um fenômeno da visão humana segundo o qual, conforme convergência e refração, pode-se ver o que habitualmente permanece oculto: a possibilidade além da superfície, o concreto afirmado na miragem"
Ponto Cego - Definição Enciclopédica
Ponto cego é a parte do olho humano onde o nervo ótico se localiza. Nele, não há células sensíveis (bastonetes) e, portanto, qualquer imagem que se forme neste ponto não será visível. Do ponto cego, emergem o nervo óptico e os vasos sangüíneos da retina. Fonte: Wikipédia
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