Minha casa é no morro,
na casa-verde moldei, com o bico,
meu galpão,
com o barro turvo,
de um rio morto,
que em meu ninho
ressuscita em vida,
e corre curvo.
Nasci nas Minas,
no mato geral das caatingas,
na folhagem semi-fusa do serrado,
na sincopa da mata me deram mamado.
Na floresta tropical,
morei de aluguel, num bambuzal,
Trouxe de lá meu tronco, meu couro, minhas meninas,
minhas alegrias, minhas penas, minhas moringas.
Quando a sede ataca,
delas arrebato água,
se o peito pia, canto,
bato no couro e no barro cozido,
e com o pão-da-alma, no ouvido,
sacio a fome, de passarinho,
viro homem,
e se da pena,
faço a tinta,
sou menina.
Quando cai a tempestade
na capital,
vem a lembrança da primeira casinha,
escorrida, caída, mal apoiada no coração,
num galho adolescente de guria.
Então,
a chuva leva o barro
do galho pro rio,
desfaz João,
emudece seu pio.
Sem teto,
no hotel do viaduto,
dorme a espera do sol de verão,
pra tirar o barro do asfalto,
e nos braços de outra árvore florida
apoiar seu peito em nova canção.
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
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Um comentário:
Sob o sol batido de um Ribeirão cada dia mais preto, adorei o hotel (triste) sob o viaduto. Bonito, bonito!! Então o que há além da(s) cegueira(s)...? Que haja sempre muito para ler...
(Eba, eu fui a primeira!!)
Te amo!
p.s.: viu que te copiei? Mudei de endereço!!
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